quinta-feira, 1 de abril de 2010

Tradição do 1° de abril está sumindo na sociedade

Há varias suposições sobre a origem do 1° de abril. O fato é que cada vez menos as pessoas estão fazendo brincadeiras umas com as outras. Praticamente só a mídia está mantendo a tradição do dia da mentira.



Ainda não se sabe ao certo quem contou a primeira mentira na história do 1° de abril. A brincadeira anual poderia remontar à época dos antigos romanos, que comemoravam na data uma grande festa em homenagem à deusa Vênus. Orgias e diversos tipos de brincadeiras faziam parte da celebração.

Segundo outra explicação, a decisão de 1530 da cidade alemã de Augsburg de unificar a moeda estatal teria exercido um papel importante para o dia da mentira. A data escolhida para a unificação da moeda foi o dia 1° de abril. No entanto, isso não aconteceu nessa data e muitos especuladores perderam dinheiro e foram acolhidos com gozação e deboche.

Reforma do calendário
Porém, a explicação mais plausível é que o rei francês Carlos 9° tenha iniciado a brincadeira do dia 1° de abril. Com a reforma do calendário gregoriano, ele estabeleceu em 1564 que o Ano Novo, até então comemorado em 1° de abril, passasse a ser comemorado em 1° de janeiro, o que não chegou aos ouvidos de muitas pessoas da época. No 1° de abril, os que sabiam zombavam daqueles que comemoravam o Ano Novo na data errada.

No início, as brincadeiras eram totalmente diferentes, sendo alteradas no decorrer da história. Nos séculos 17 e 18, as regras sociais tinham cada vez mais importância para orientar as travessuras. Dessa forma, os adultos podiam zombar das crianças, mas o contrário não era possível.

Mídias que criam histórias
Assim como muitos costumes, as piadas de abril também se transformaram ao longo do tempo. "Nossa noção de humor foi em grande parte formada pelas mídias. Nós assistimos piadas na televisão ou damos risadas de brincadeiras de rádio e temos aí uma elite funcional que, no plano midiático, está sempre recriando as piadas de abril", disse o etnólogo Gunther Hirschfelder.

E assim, nós somos enganados quase que apenas pela mídia, com notícias inventadas e histórias falsas. As mentiras da BBC são legendárias. Em 1° de abril de 1957, a emissora britânica informou sobre a colheita de espaguete no cantão suíço de Tessino. Nos seus televisores, os espectadores assistiram pasmados aos camponeses suíços colherem das árvores longos espaguetes.

Piadas clássicas tornam-se raridades

No dia-a-dia, as piadas tornaram-se raras. Para Gunther Hirschfelder, a culpa é do aumento da pressão de trabalho sobre as pessoas. Para brincadeiras, não sobra tempo. Hoje, simplesmente não há mais espaço para brincadeiras, e isso não poderia ser diferente no dia da mentira.

"Atualmente, em nossa sociedade, grande parte dos contatos são realizados em um espaço virtual, através da internet ou do telefone, e as piadas de abril quase não são mais possíveis, pois dependem do contato direto. Isso requer uma situação real e não digital", explicou Hirschfelder.

Apesar do embaraço, alguns até podem sentir falta das brincadeiras e desejar reviver os costumes do dia da mentira. Afinal, quando alguém faz uma piada conosco, quer também dizer que nos dá atenção.

Autora: Ralf Gödde (dd)

Revisão: Carlos Albuquerque

Site: http://www.dw-world.de/dw/article/0,,5418035,00.html?maca=bra-rss-br-all-1030-rdf - data da visualização:01/04/2010 ás 15:50

domingo, 28 de março de 2010

Coleção de réplicas de 25 selos históricos é lançada em ouro.

Cada um dos 9,5 mil conjuntos será vendido por quase R$ 10 mil.
Olho de Boi, primeiro selo emitido no país, é um dos destaques.

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Uma coleção de réplicas de 25 selos históricos está sendo lançada no Brasil pelo Grupo Hallmark, sob licença dos Correios. As peças, feitas de prata pura e banhadas em ouro de 24 quilates, fazem parte da primeira coleção do tipo lançada na América Latina, conforme explicou ao G1 Patrizia Baldini Reininghaus, representante do grupo Hallmark no Brasil.
“O Chile e a Argentina têm número elevado de filatelistas, mas o Brasil representa uma força gigantesca dentro da América Latina. A procura pelo produto conseguiu superar nossas expectativas. E a busca não é só por filatelistas, há compradores dos mais diversos segmentos”, afirmou Patrizia.
Entre as pessoas interessadas está a decoradora Christiane Carneiro Tabacon, de 45 anos. Ela achou o “catálogo lindo” e resolveu fazer o pedido. “Não sou filatelista e nunca tive interesse em selos, mas vou comprar pela beleza”, disse.
Christiane contou que vai usar as réplicas como enfeites luxuosos. “Esses selos são objetos de decoração também. Eu pretendo deixar as peças à mostra, em uma estante”, afirmou a decoradora, que elegeu como seu preferido a representação de um tucano, lançado em 1983 para homenagear a fauna e a flora do país. “Vi no catálogo e achei muito interessante. Gostei muito da imagem.”




Peças exclusivas
A representante da Hallmark ressalta que serão produzidas apenas 9,5 mil coleções, com 25 réplicas de selos históricos feitas de prata pura e banhadas em ouro 24 quilates. Cada lingote pesa aproximadamente 30 gramas e sai por R$ 395. O valor será pago mensalmente, durante 25 meses, com custo total de R$ 9.875.

“Não podemos ampliar, porque a coleção deixaria de ser limitada. Serão somente 9,5 mil itens. No final da produção, as matrizes serão descaracterizadas”, disse Patrízia.

Os compradores precisam adquirir todas as peças, que serão entregues uma vez por mês, junto com a caixa de madeira onde ficam acomodados e o certificado da pureza do metal.



Escolha das imagens
Colecionadores, clubes de filatelia e técnicos do Departamento de Filatelia e Produtos dos Correios, em conjunto com representantes da Hallmark, pesquisaram durante dois anos para selecionar os 25 selos que integrariam a coleção, conforme explicou Patrizia.

“Temos fauna e flora riquíssimas, personagens importantes e cultura variada. Foi difícil selecionar as imagens para representar o Brasil, que é um país tão vasto, mas estamos muito felizes com o resultado. O produto brasileiro é alegre e muito bonito”, afirmou.

Entre os destaques está o Olho de Boi, que foi o primeiro selo emitido no país em 1843. “Colecionadores vão se interessar claramente pelas imagens mais representativas em termos filatélicos, como o Olho de Boi, mas há outros selos como o da conquista do Penta, de 2002, o do Ayrton Senna, de 2000, e do Carnaval, de 1970”, afirmou Patrizia.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Filho de catador de garrafas ganha bolsa de mestrado nos EUA e luta para seguir estudos
Simone Harnik
Em São Paulo



Depois de se formar em administração em Belo Horizonte, Bruno Lucio Santos Vieira, 22, ingressou no mestrado em relações internacionais na Ohio University, nos Estados Unidos. Hoje, no curso, o estudante dedica seu tempo a disciplinas como história econômica norte-americana e mercados financeiros.

A biografia resumida acima pode parecer com a de algum brasileiro bem-nascido e cheio de oportunidades. No caso de Bruno, no entanto, cada passo tem sido uma batalha: filho do aposentado Henrique Barbosa Vieira, 68, e da dona de casa Neide Lúcia Santos Vieira, 56, o rapaz concluiu a educação básica toda em escola pública, fez a graduação pelo Prouni (Programa Universidade para Todos) no Centro Universitário Una e ganhou, pelo bom desempenho, desconto para a pós-graduação.
No entanto, há um semestre na terra de Obama, e ainda que tenha a bolsa de estudos, os custos de vida têm comprometido o futuro acadêmico do jovem. A cada mês, ele fica mais 600 dólares no vermelho – o que corresponde a aproximadamente R$ 1.100. "Quando vim, não ficou claro que haveria tantos gastos, e eles comprometeram o orçamento", conta.

E a família não tem como ajudar. "Meu marido ganha um salário e meio. Acabou de passar por um câncer de próstata. Para complementar a renda, ele recolhe garrafas, e eu lavo para vendermos", diz Dona Neide, que se esforça para segurar a saudade e as lágrimas sempre que fala com o filho. "Ele é o meu caçula e toda a vida foi exemplar. Muito carinhoso. Mas estou muito triste com as dificuldades que ele está passando."

Ajuda dos novos amigos
Mesmo trabalhando para a faculdade – dentro dos limites da lei – tem sido bem difícil bater a quantia necessária a cada mês, diz o jovem. E as economias que fez enquanto trabalhava no Brasil já se foram.

A sobrevivência tem dependido da boa vontade dos novos amigos nos EUA. Dois ucranianos e um espanhol têm financiado o aluguel e a comida para Bruno e sua mulher, Poliana. O casal ainda consegue almoçar de graça duas vezes por semana em igrejas da cidade.

O casamento, que não completou um ano terá de resistir à distância. Com a falta de dinheiro, Poliana já está de malas prontas para retornar ao país.

Nem luxo nem lixo
O mobiliário da casa que Bruno divide com os europeus recebeu vastas contribuições do desperdício ou do desapego da comunidade de Ohio. "Quando alguém nos pergunta onde compramos armário, mesas, cadeiras, sofá, sempre brinco que foi no 'Trash.com' [em inglês, "trash" quer dizer lixo]. Achamos também panela, pratos, copos, talheres", relata Bruno, que chegou a receber até doações de comida.

Primeiro da turma
Durante a faculdade, a performance do jovem foi alvo de elogios dos docentes. Segundo a coordenadora do curso de administração do Una, Christiana Metzker Netto, ele "tem muito potencial".

"Bruno teve 94 pontos [em cem] de média geral. Tirou de letra a faculdade e foi um aluno exemplar. No trabalho final, tirou 99 pontos – e as médias costumam ser bem mais baixas", revela. "O curso também pede 60 horas de atividades complementares, que os alunos demoram a cumprir. Bruno fez 255 horas".

O empenho rendeu troféu de melhor aluno do curso, mas não foi suficiente para garantir a estadia no mestrado. E o rapaz tem recorrido ao seu passado acadêmico para buscar auxílio – concorre a novas bolsas, ainda sem certezas.

O mais jovem de cinco irmãos, primeiro a se formar na faculdade e a ir ao exterior, é admirado pela família e espera voltar com o mestrado concluído. "Todo herói tem de ter um pouco de louco, tem de arriscar. Pensei que essa podia ser a minha única chance de continuar estudando", diz.

http://educacao.uol.com.br/ultnot/2010/03/25/filho-de-catador-de-garrafas-ganha-bolsa-de-mestrado-nos-eua-e-luta-para-seguir-estudos.jhtm 25/03/2010 - 07h03

sábado, 6 de março de 2010

“O poder revela quem somos”
Um pesquisador americano diz como o poder nos torna mais corruptos, mesquinhos e hipócritas




ISABEL CLEMENTE
Dizer que o poder corrompe é um antigo chavão. A novidade é que esse velho axioma acaba de ser comprovado cientificamente em um trabalho de pesquisadores da Kellogg School of Management, nos Estados Unidos. Após uma série de testes comportamentais com voluntários, eles demonstraram como o poder costuma, em geral, mudar as pessoas para pior. Em testes, os poderosos não só trapaceavam mais, como se mostravam mais hipócritas ao se desculpar por atitudes que condenavam nos outros. “Os poderosos acreditam que devem ser excluídos de certas regras”, afirma o psicólogo social Adam Galinsky, professor de ética e decisões em gerência da Kellogg School of Management e um dos autores do estudo.

ÉPOCA – O poder corrompe?

Adam Galinsky – Sim, corrompe. Basicamente, apesar de o poder deixar as pessoas no centro das atenções, de estarmos todos olhando para as autoridades, os poderosos se sentem psicologicamente invisíveis. E, por causa dessa sensação de invisibilidade, eles se permitem agir de maneiras imorais, ao passo que outras pessoas não agiriam assim por medo de punição. É como se ficassem à vontade para preencher suas mais íntimas necessidades. Uma das comparações de que gosto de fazer é a história do Senhor dos Anéis. No momento que ele põe o anel, fica invisível e age mal. O poder é esse anel.

ÉPOCA – Como o senhor constatou isso?

Galinsky – Fizemos vários experimentos. Um deles foi com um jogo de dados. Dividimos os voluntários para a experiência em dois grupos: os muito poderosos e os pouco poderosos. Isolamos os grupos em um cubículo. Dissemos a cada um que eles ganhariam bilhetes para uma loteria conforme os pontos obtidos ao jogar os dados, que poderiam variar de 0 a 100. A média esperada era de 50 pontos. O grupo pouco poderoso anunciou ter obtido um resultado de 59 pontos, enquanto o grupo muito poderoso disse ter obtido 70 pontos. A conclusão é que o grupo pouco poderoso pode ter trapaceado com os dados, mas o muito poderoso trapeceou muito mais para conseguir mais bilhetes de loteria.

ÉPOCA – O senhor diria que a melhor s maneira de testar a identidade moral de um indivíduo é dar poder a ele?

Galinsky – Sim, porque o poder não apenas muda a pessoa, mas revela quem ela é de verdade. Podemos afirmar, a partir dessa pesquisa, que a experiência do poder provoca certas mudanças no ser humano – e a maior é torná-lo hipócrita.

ÉPOCA – A pesquisa chega a essa conclusão a partir de questões que envolvem superfaturar despesas de viagem ou ultrapassar o limite de velocidade. Quem faz isso está mais propenso a se tornar corrupto se chegar ao poder?

Galinsky – Em média, muitas pessoas, quando investidas de poder, tornam-se mais mesquinhas, afrouxam seus padrões éticos. Você está me fazendo uma pergunta diferente: se as pessoas que agem sem ética provavelmente se corromperiam no poder. “Provavelmente”, é a minha resposta.

"Quando estão fora do poder, as pessoas dizem: ‘Eu nunca agiria
dessa forma’. Mas a verdade é que, no poder, muitos mudam"

ÉPOCA – Por que o senhor afirma que os poderosos, quando flagrados, mostram-se pouco arrependidos?

Galinsky – Por causa de um processo psicológico mostrado na pesquisa: os poderosos acreditam, de fato, que eles devem ser excluídos de certas regras e padrões aplicados aos demais. Ou então eles apresentam justificativas psicológicas para ter agido como agiram.

ÉPOCA – Executivos e políticos mostram-se incomodados quando o senhor comenta com eles esse tipo de comportamento?

Galinsky – Quando estão fora do poder, as pessoas dizem: “Eu nunca agiria dessa forma”. Temos a tendência de acreditar que não temos a mesma vulnerabilidade e que não corremos os mesmos riscos dos outros. Mas a verdade é que, investidos de poder, muitos mudam. Somos suscetíveis. A pesquisa mostra, sistemática e cientificamente, que não só as pessoas agem imoralmente quando podem, como elas se tornam hipócritas. Defendem padrões comportamentais mais rígidos para os outros do que para si mesmas. Foi o caso do governador de Nova York, Eliot Spitzer, que traiu a mulher com uma prostituta. Veio à tona depois que ele, como procurador-geral do Estado, combatia a prostituição. É nesse ponto que os poderosos caem do pedestal e a sociedade se revolta. Se eles apenas agissem mal, seria ruim, mas ainda por cima pregar o contrário do que fazem... A hipocrisia revolta. Vocês, por exemplo, têm um governador preso por obstruir a Justiça (José Roberto Arruda, governador afastado do Distrito Federal). Um governador é alguém que defende leis e comportamentos para a sociedade. Quando um político age assim, é mais revoltante do que executivos de empresas – porque executivos não necessariamente posam de modelo comportamental para os outros.

ÉPOCA – Nessa era de Big Brothers, em que câmeras revelam até gestos das autoridades em lugares onde elas pensam estar protegidas, não é mais difícil agir de forma hipócrita?

Galinsky – Não é uma questão de ser vigiado, mas de se sentir conectado à coletividade e obrigado a prestar contas aos outros. Mera vigilância nem sempre é eficaz e tende a dissipar seu efeito com o tempo, porque não é um processo que internaliza no indivíduo essa noção de que ele deve se explicar.

ÉPOCA – No Brasil existem cortes judiciais e celas especiais nos presídios para políticos, pessoas com nível universitário e autoridades. Isso reforça a crença de que os poderosos são pessoas diferentes?

Galinsky – Essa é uma questão mais complicada. Se as cortes especiais forem mais lenientes, daí você reforça o problema do tratamento especial. Se esses julgamentos forem mais rápidos e defender altos padrões éticos e legais para os poderosos, podem servir para reforçar que ninguém está acima da lei. É muito fácil para as pessoas que conquistaram certos postos atuar pelo bem delas mesmas, em vez de trabalhar pela coletividade, que as colocou lá. Costumo dizer em minhas aulas que é preciso criar algemas para os honestos: como podemos garantir que ninguém se sinta tentado a trapacear? Por isso eu nunca dou provas para fazer em casa. A tentação para fazer consultas é enorme.

ÉPOCA – A punição é capaz de conter essa tendência humana de agir mal?

Galinsky – O melhor caminho é fazer com que os poderosos tenham de prestar contas. O Congresso tem de fiscalizar seus políticos, o governo e dividir o poder com eles. Os processos decisórios têm de ser transparentes. Os políticos têm de estar na vitrine da sociedade, bem visíveis. No mundo dos negócios, os altos executivos também têm de ser monitorados pela diretoria, pelos conselhos. Se a diretoria for uma rede formada por “mais dos mesmos”, ou seja, por indivíduos poderosos com o mesmo padrão comportamental, aí ela não exerce sua função de controlar o presidente, que se sente, por isso, invisível para os demais. Isso resulta em histórias parecidas com as da Enron e da World Com (empresas que faliram em 2001 em meio a graves escândalos de corrupção). O combate à falta de ética e à imoralidade passa pela divisão de poder. O Executivo tem de precisar do Legislativo, porque aí há um equilíbrio quase natural de forças.

ÉPOCA – O senhor ficou surpreso com algum resultado de suas experiências?

Galinsky – Não, mas, se num experimento comportamental em que o poder não é uma força real acontece isso, imagine no mundo real, onde as pessoas lidam com o poder de verdade?

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI125571-15223,00-O+PODER+REVELA+QUEM+SOMOS.html
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